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A revolução do papa


A jornada Mundial da juventude, no Rio de janeiro, de 23 a 28 de julho, foi o maior fenômeno de massas da nossa história. Mais de 3 milhões de pessoas lotaram as areias da praia de Copacabana para ouvir o papa Francisco! Foi um espetáculo incrível de fé, unidade e alegria. Como todos que lá estiveram, vivi uma experiência forte. O clima era de final de Copa do Mundo. A multidão gigantesca não era massa despersonalizada. Tinha um toque de família que impressionava e mexia por dentro.
Usando tênis e mochilas e agitando as bandeiras dos seus países, os jovens cantaram, dançaram e entoaram bordões como "Somos a juventude do papa". Mas também vi, nos momentos previstos de recolhimento e oração, um silêncio que se podia cortar. Ouvia-se apenas o rumor das ondas do mar. Incrível! Durante quase uma semana, apesar da chuva, do frio e dos problemas de organização, milhares de jovens vindos de todas as partes do mundo
mostraram a surpreendente capacidade de renovação da Igreja Católica.
O papa falou dos riscos de valores efêmeros corno sucesso, dinheiro e poder, alertou para as atitudes egoístas, convocou os jovens a não esmorecerem na luta contra a corrupção e reforçou seu empenho contra a pobreza, a desigualdade e a insensibilidade social. Mas, sobretudo, o papa sacudiu a própria Igreja e fustigou as atitudes de acomodação e burocracia. Falando aos jovens argentinos, na Catedral do Rio, papa Francisco pediu uma Igreja "barulhenta" que "saia às ruas". "Espero uma confusão na JMJ, mas quero confusão e agito nas
dioceses, que vocês saiam às ruas. Quero que a Igreja vá para as ruas. Quero que nos defendamos de tudo que seja acomodação e ficar fechado em torno de nós mesmos. Não podemos esvaziar a fé", disse. Na missa que marcou o encerramento da jornada, o papa mais uma vez apontou os jovens como os atores principais da propagação da fé católica. Na homilia, ele pediu à multidão, estimada em 3,5 milhões de pessoas, que não ficasse "trancafiada" em casa. "A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que os caracteriza."
Em uma semana no Brasil, o papa Francisco delineou os caminhos de seu pontificado. Em discurso para os bispos da América Latina no último dia de sua visita ao Brasil, o papa criticou a "ideologizacão" da Igreja por grupos que vão da "categorização marxista" até os "restauracionismos" de "formas superadas". Mas a crítica do papa também disse respeito à leitura do evangelho de acordo com o "liberalismo de mercado" ou como uma mera forma de autoconhecimento - e, portanto, sem sentido missionário.
A humildade como princípio e disposição ao diálogo nortearam os discursos do papa dirigidos aos políticos e às autoridades. Depois de criticar "pessoas que, em vez de procurar o bem comum, procuram o próprio benefício", ele defendeu que a formulação de políticas públicas seja baseada em valores éticos. Impressionou, e muito, o tom positivo que permeou todos os discursos e homilias do" papa. Impressionou, também, a transparência do papa Francisco em suas entrevistas aos jornalistas. O que se viu não foi uma Igreja acuada, na defen-siva. Ao contrário. O papa rasgou um horizonte valente e generoso. Deixou claro que os católicos não são antinada. O cristianismo não é uma alternativa negativa, encolhimento medroso ou mera resignação. É uma proposta afirmativa, alegre, revolucionária. Os discursos do papa não desembocaram num compêndio moralizador, mas num desafio empolgante proposto por uma pessoa: Jesus Cristo. Os jovens entenderam o recado e mostraram notável sintonia com o papa.
O papa é exigente. Sem dúvida. E os jovens vão atrás do seu discurso comprometedor. Não gostam de um cristianismo desidratado. A juventude abraça grandes bandeiras: a coerência com a fé, a rebelião dos valores, a luta contra as discriminações, a defesa da vida, o combate à corrupção. Quem não perceber, na mídia e fora dela, essa virada comportamental perderá conexão com o novo mundo. Afinal, como bem salientou o papa: "A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo".

 
  Carlos Alberto Di Franco
Doutor do master em jornalismo; professor de Ética e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra - Espanha

Artigo publicado em 05/08/2013


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